Em MS, candidatos ainda juntam comboios de partidos e unem até PT e PSL na mesma chapa

União entre ‘extremos’ já acontece em pelo menos uma cidade; PSDB, PT, DEM e MDB também superam diferenças em várias cidades

A proibição de coligações nas eleições para o Legislativo, em vigor a partir das Eleições 2020, não foi suficiente para estimular os partidos políticos –ou, pelo menos, grande parte dos diretórios municipais– a encamparem projetos solo em Mato Grosso do Sul. As alianças majoritárias, isto é, os vários partidos anunciando apoio a um candidato a prefeito, ainda se mostram bem comuns, colocando em um mesmo comboio agremiações diametralmente opostas, como PT e PSL.

Um dos primeiros chapões divulgados veio de Naviraí –a 364 km de Campo Grande– e é encabeçado por um político da velha guarda sul-mato-grossense. O deputado estadual Onevan de Matos anunciou disputar a prefeitura com diferentes matizes em sua coligação.

Além do seu PSDB, compõem a chapa o PSL, que ganhou notoriedade por ser o partido pelo qual o presidente Jair Bolsonaro se elegeu (deixando-o em seguida em meio a escândalo de candidaturas laranja e, recentemente, negociando seu retorno depois do insucesso em fundar o Aliança pelo Brasil), e o PT, do ex-presidente Lula, alvo constante de críticas dos sociais liberais e bolsonaristas.

União entre ‘extremos’ já acontece em pelo menos uma cidade; PSDB, PT, DEM e MDB também superam diferenças em várias cidades.
Onevan vai tentar voltar à Prefeitura de Naviraí. (Foto: Arquivo)

A chapa multifacetada de Onevan ainda tem espaço para PDT e PTB, que indicou o vice, Márcio Araguaia. O desafio será reconduzir o hoje deputado estadual pelo sétimo mandato ao Executivo de Naviraí –para o qual foi eleito em 1988.

Naviraí, até o fechamento desta edição, era o único município que teve confirmada uma aliança com PT e PSL. Contudo, do lado petista, a presença em coligações com partidos de espectros políticos não é incomum: Em Amambai, por exemplo, o PT é um dos partidos a apoiar a reeleição do prefeito tucano Edinaldo Bandeira, que também tem apoio do DEM –legenda de direita que voltou a estar em ascensão desde o início do Governo Bolsonaro.

Bandeira ainda terá ao seu lado Patriota, PP, PSD e PSB.

Amambai ainda guarda uma peculiaridade em relação a outro partido de expressão nacional e estadual: o MDB anunciou que não lançará candidatos a prefeito e, também, a vereador. O ex-prefeito e presidente municipal do partido, Sérgio Barbosa, disse ao jornal A Gazeta News que deixou a disputa, para qual era cotado, por questões profissionais, já de olho em um projeto para 2024. Os emedebistas foram liberados a apoiarem outros candidatos amambaienses.

União entre ‘extremos’ já acontece em pelo menos uma cidade; PSDB, PT, DEM e MDB também superam diferenças em várias cidades.
Em Caarapó, Nezzi anunciou aliança com 10 partidos. (Foto: Caarapó News)

Esquerda e direita também voltaram a se fundir em Caarapó, onde o prefeito André Nezzi (PSDB) encabeça coligação com 11 partidos, incluindo PT, DEM, Patriota, Republicanos, PP, PSD, PDT, PTB, MDB e Podemos.

Com menos partidos, o vereador Germino Roz (PSDB) conseguiu proeza semelhante em Batayporã, colocando ao seu lado o PT, PSD, PTB e Podemos.

Na vizinha Nova Andradina, o prefeito Gilberto Garcia (PL) tentará a reeleição com o apoio do MDB, PDT e do PC do B –que, em Campo Grande, também abdicou de candidatura própria e se alinhou ao projeto de Marquinhos Trad (PSD), que conta ainda com PSB, PTB, PSDB, Republicanos, Cidadania, Patriota, DEM e Rede.

Já em Costa Rica, o aceno foi à direita: Leandro Bortolazzi (MDB) assumiu candidatura à prefeitura em uma chapa com dez partidos. Além do seu MDB, PSL, PDT, Republicanos, PTB, PL, Cidadania, DEM, PSB e Solidariedade embarcaram no projeto.

União entre ‘extremos’ já acontece em pelo menos uma cidade; PSDB, PT, DEM e MDB também superam diferenças em várias cidades.
PC do B se aliou ao PL em Nova Andradina. (Foto: Nova Notícias/Reprodução)

Tais composições não são uma novidade na história política de Mato Grosso do Sul e, em geral, as diferenças ideológicas não costumam ser um empecilho nas coligações. Isso porque a avaliação é de que a dificuldade em lançar um projeto próprio em todos os municípios exige que os partidos aceitem integrar coligações a fim de sobreviverem.

O prazo para realização das conclusões partidárias terminou na quarta-feira (16). Contudo, o cenário ainda pode ter algumas mudanças até 27 de setembro, data limite para os projetos eleitorais serem registrados nos cartórios e, efetivamente, deflagrar a campanha eleitoral.

Alguns candidatos já se anteciparam e, logo após as convenções, apresentaram a documentação das candidaturas à Justiça Eleitoral. Em outros, apesar de a papelada ainda não ter sido protocolada, os projetos políticos já são alardeados.

Fonte: Humberto Marques / midiamax