Em gravação, criança conta como era assediada por vizinho

Em uma gravação informal, uma das crianças que teria sido assediada por um vizinho – homem ainda não foi identificado oficialmente pela polícia – conta com detalhes como era a abordagem do suspeito com ele e outros adolescentes e também crianças no Jardim Los Angeles, em Campo Grande.

No áudio, ao qual o Portal Correio do Estado teve acesso, o garoto confirma que o homem lhe dava dinheiro em troca de carícias e diz nomes de outras crianças do bairro que também eram assediadas.

“Ele ficava pegando os moleques”, detalhou o garoto, que descreveu algumas situações para vizinhos do local onde supostamente aconteceu os crimes após ser questionado. As perguntas foram feitas para a vítima porque algumas pessoas o viram beijando o suspeito no rosto.

Na mesma gravação, em determinado momento, uma pessoa ao fundo demonstra muita surpresa com a naturalidade que a criança conta a denúncia. “Eu falei para ele que isso não é normal, porque ele fala como se fosse normal”, disse a mulher, aparentemente espantada com o que ouve da criança.

Ao fim da gravação, a vítima relatou que os assédios ocorriam há um ano, sempre dentro da casa do homem suspeito, a portas fechadas, já que a residência nem é murada. “Desde quando eu tinha 11 anos”, revelou a criança, que agora está com 12 anos.

VIZINHANÇA

O caso só veio a tona depois que vizinhos desconfiaram da situação. Uma moradora, que pediu para não ser identificada, contou que viu um dos garotos do bairro beijando o rosto do homem e recebendo uma moeda logo em seguida.

“Estranhei a situação, porque a gente fica sabendo desses casos na imprensa e já fica com medo, fiquei com aquilo na cabeça e decidi perguntar para ele”, contou.

O garoto, conhecido entre os vizinhos por ficar na rua, revelou com detalhes como era assediado pelo homem e disse que havia outras crianças na mesma situação. A moradora decidiu alertar uma das mães.

“Contei para a mãe de um dos meninos e ela fez a denúncia. A gente fica muito preocupado porque a casa dele vivia cheia de crianças. É muito triste”, lamentou.

INVESTIGAÇÃO

Um boletim de ocorrência sobre o caso foi registrado na Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário (Depac) Piratininga ,que orientou a responsável a procurar a Delegacia de Proteção a Criança e Adolescente (Depca), o que ocorreu no início da semana (16). A vítima foi encaminhada para atendimento psicológico e confirmou os abusos sofridos. Exames de corpo de delito também foram feitos.

O delegado responsável pelo caso, Fábio Sampaio, explicou que ainda precisa confirmar a identificação dos suspeitos a partir de agora vai ouvir as vítimas citadas no depoimento e possíveis testemunhas, que também conversarão com psicológos.