Em carta a Suplicy, Mendes pede doações de petistas para pagar desvios

Em carta enviada ao senador Eduardo Suplicy (PT-SP), o ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes afirmou na sexta-feira que a arrecadação de doações para ajudar condenados no mensalão a pagar multas fixadas pela Corte “sabota” e “ridiculariza” o cumprimento das penas. O ministro também sugeriu que os petistas façam uma vaquinha para devolver “pelo menos parte dos R$ 100 milhões desviados dos cofres públicos” pelo esquema do mensalão. “A falta de transparência na arrecadação desses valores torna ainda mais questionável procedimento que, em última análise, sabota e ridiculariza o cumprimento da pena – que a Constituição estabelece como individual e intransferível – pelo próprio apenado, fazendo aumentar a sensação de impunidade que tanto prejudica a paz social no País”, disse o ministro na carta.

Em um ofício anterior, Suplicy havia cobrado explicações do ministro sobre declarações que levantaram dúvidas sobre o processo de arrecadação de doações. “E se for um fenômeno de lavagem?”, havia perguntado Mendes dias antes. O presidente do PT, Rui Falcão, dias antes interpelou judicialmente o ministro para que ele explique as declarações. “Não sou contrário à solidariedade a apenados. Ao contrário, tenho certeza de que Vossa Excelência liderará o ressarcimento ao erário público das vultosas cifras desviadas – esse, sim, deveria ser imediatamente providenciado”, afirmou Mendes, em tom irônico, na carta. “Quem sabe o ex-tesoureiro Delúbio Soares, com a competência arrecadatória que demonstrou – R$ 600.000,00 em um único dia, verdadeiro e inédito prodígio! -, possa emprestar tal expertise à recuperação de pelo menos parte dos R$ 100 milhões subtraídos dos cofres públicos”, acrescentou o ministro, referindo-se ao desempenho da vaquinha do ex-tesoureiro do PT.