Sábado é Dia de Finados. É um dia de saudade, de lembranças avivadas de um mundo e de um tempo em que a morte era apenas conversa para um futuro distante, mas que chegou muito mais rápido do que o esperado.
Finados é um dia estranho, em que precisamos e devemos celebrar a derrota. Sim, porque a perda de alguém que amamos é a pior de nossas derrotas. Aceita ou não, jamais se poderá mudar o resultado dessa perda; e ainda assim, estaremos sempre menores, mesmo que em maior quantidade.
E infelizmente, na mesma proporção de querer cada vez menos freqüentar cemitérios, o destino parece aumentar nossa freqüência nesses locais, já que ali terminam os passos de muitos que caminharam ao nosso lado; ou nos colocaram pra caminhar.
Nos cemitérios neste dia 2 de novembro, as lembranças e rituais feitos pelos que ficaram, são destinados a todos os que se foram. Desde aqueles que o tempo, apenas o tempo, tratou de por pra descansar, como aos que foram vítimas da omissão pública; da falta de saúde, de pronto atendimento; dos que perderam para as drogas; dos que foram derrotados por tantas doenças; dos que ficaram pelo caminho da vida num trânsito cada vez mais assassino; como os que foram alvo da violência e da desumanidade.
Que nas lembranças deste dia possamos e precisamos fortalecer os laços de um período que fomos unidos em vida, por sangue ou pela convivência amigável. Em que trilhamos caminhos iguais, mas com passos diferentes. Dia de Finados, independente de ritual, religião ou crendice, a saudade vale uma oração, uma vela acesa, um silêncio, enfim, qualquer manifestação que marque a satisfação de uma união de quem foi com quem fica! (Josyel Carvalho)