De olho em 2018, PSDB tentará neutralizar PMDB na Assembleia

A eleição do futuro presidente da Assembleia Legislativa está conectada com a sucessão estadual, em 2018. A questão virou pauta da discussão política dentro do PSDB com o governador Reinaldo Azambuja (PSDB), porque o deputado Júnior Mochi (PMDB) está fechando forte grupo para apoiar a sua reeleição. Já foram realizadas inúmeras reuniões do governador com deputados tucanos para avaliação da importância e dos seus efeitos eleitorais de o partido comandar o Poder Legislativo. Toda essa articulação está sendo feita com muito cuidado para não abrir guerra e, ao mesmo tempo, neutralizar as ações do PMDB.

O núcleo duro do governo adota cautela quando o assunto é tratado fora dos gabinetes. O discurso é de buscar entendimento com aliados, sobretudo, com o PMDB para eleição do novo presidente da Assembleia Legislativa. E nesse acordo, o governo abriria espaço ao PMDB para o Senado, por exemplo, numa composição em 2018. Assim, Azambuja eliminaria um forte adversário a lutar contra a sua reeleição.

O interesse pela presidência do Poder Legislativo se transformou em meta e não obsessão, por enquanto, para o PSDB depois de amargar a derrota da vice-governadora Professora Rose Modesto (PSDB) na disputa pela Prefeitura de Campo Grande. Na avaliação de tucanos nas reuniões de bancada ou mesmo com governo, é que o resultado das urnas na Capital acendeu “luz amarela” no ninho tucano por ser no maior colégio eleitoral do Estado, onde Azambuja venceu com larga vantagem o então senador Delcídio do Amaral (PT) na sucessão estadual, em 2014. Então a articulação para tirar o PMDB do controle do Poder Legislativo tem mais efeito pedagógico e emocional do que a influência sobre o eleitor no projeto de reeleição de Azambuja.

O problema é a repercussão política, isto porque a vitória do deputado estadual Marquinhos Trad (PSD) em Campo Grande abre caminho para o ex-governador André Puccinelli (PMDB) ou mesmo a outra liderança para enfrentar governador em 2018 aproveitando o desgaste político-eleitoral. É tudo que Azambuja não deseja, neste contexto político, porque a derrota de Rose não está sendo atribuída a ela especificamente, mas à insatisfação do eleitorado da Capital com o governo.

Este desgaste não estava nas previsões do governador Reinaldo Azambuja. Ele sabia, porém, das dificuldades para tocar a administração em razão da crise econômica do País. Mato Grosso do Sul não afundou como Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, onde os salários do funcionalismo público estão atrasados. Esses Estados enfrentam crise sem precedente. E Azambuja vem adotando medidas para contornar a falta de dinheiro. Mesmo assim, o eleitor sentiu o reflexo e deu recado nas urnas nos dois maiores colégios eleitorais do Estado: Campo Grande e Dourados.