CRÔNICA GUARANI: Pois não?!

Antes de entrar no estabelecimento eu parei na porta, ajeitei a máscara, lambuzei as mãos com álcool em gel, dei dois passos e um bom dia. Acho que a atendente só escutou os passos, porque me olhou de esgueio. Segui, perambulei pelo corredor até achar o que procurava; peguei-o e me dirigi a moça sem sorriso para tirar uma dúvida. Parei a sua frente, mas, tadinha, não quis importuná-la, afinal ela assistia algo no celular que durou pouco mais de três minutos. Esperei. Foi o tempo em que também descobri que ela sabia sorrir.

O sorriso parece ser um grande problema para boa parte de comerciantes e funcionários; experimente chegar a esses estabelecimentos e esfregar-lhes na cara o seu melhor sorriso. Soa como um tapa. Não há reciprocidade; pelo contrário, fecham a tramela para evitar que escape qualquer fresta de simpatia e as respostas transformam-se em pequenas vozes monossilábicas. E o bom atendimento também não está sempre disponível no WhatsApp; outro dia minha esposa reclamou da demora na entrega de um cachorro-quente e quem latiu foi a atendente.

Às vezes a fidelização de um cliente a algum estabelecimento nem é tanto pelo preço, mas, muito mais pelo bom atendimento, um ‘produto’ que não cabe em códigos de barras, mas tem espaço fiel na prateleira da consciência do consumidor. É uma relação simples, mas que muitos complicam: você quer, deseja ou precisa de algo ou alguma coisa, e para isso existe uma intermediação. E ela precisa acontecer com educação e sorriso. Apenas. Eis o segredo!

O bom atendimento será sempre atraente. Uma tendência eterna. Mas, aqui segue uma dúvida: vocês também já tiveram a impressão, ao entrarem em um estabelecimento comercial, de estar incomodando? Sendo inconveniente, chato? Por vezes eu quase pedi desculpas por estar ali, importunando o dia da pessoa que não desejava me atender. O mau atendimento fideliza a ausência, que acaba, sempre, se tornando o pior dos investimentos.

Pois não?!

texto: Josyel Carvalho