'Criamos o rótulo de sertanejo sex symbol', diz Munhoz & Mariano sobre sucesso

Sucesso absoluto em 2012, a dupla Munhoz e Mariano tem muito que comemorar. No total, foram mais de 40 milhões de acessos no Youtube, 2 milhões de DVDs vendidos e 198 países alcançados. Em entrevista à CARAS Online, eles falam sobre a carreira, vida pessoal, shows rebolantes e fama de sex symbol

 

 

Por: Neto Lucon

“É preciso rebolar para atrair uma multidão”, já dizia o roqueiro Elvis Presley (1935-1977) ao quebrar os tabus do rock, as críticas da década de 60 e os conservadores da música. Nos últimos anos, o sertanejo também entortou o bico ao se deparar com uma jovem dupla ousada, com visual diferente e muito rebolante: Munhoz  & Mariano, destaque de 2012 com o hit “Camaro Amarelo” e Vou Pegar Você e Tãe”.

A inovação dos artistas – que chegam a girar a pélvis de 180º a 360º graus – chocou os tradicionais do gênero. Mas agradou o público feminino, que a cada movimento solta os seus histéricos e característicos gritinhos. Não deu outra! Assim como o maior sucesso da dupla, os jovens artistas ficaram “doces como caramelos” e conseguiram, entre muitas conquistas, estacionar dois cobiçados Camaros na garagem.

No início, diziam que a gente não chegaria a nenhum lugar fazendo aquilo no palco. Sofremos muita chacota no começo da carreira. Mas, hoje, botamos a maioria das duplas para rebolar”, comemora Mariano, que ganhou um vídeo com suas melhores performances no Youtube e que chegou a ir de carroça a uma balada sertaneja aos 16 anos.

Atualmente, os cantores fazem de 22 a 25 shows ao mês, ultrapassaram 40 milhões de acessos no Youtube, somam 2 milhões de cópias vendidas do primeiro DVD e preparam-se para uma turnê nos Estados Unidos em fevereiro de 2013. Em entrevista exclusiva à CARAS Online, eles comemoram o sucesso de 2012 e falam que novas ousadias irreverentes – tais como aparecer de fralda – devem surgir em 2013.

– Com 40 milhões de visualizações no Youtube, 198 países alcançados, 2 milhões de cópias logo no primeiro DVD, dois Camaros Amarelos na garagem, vocês têm muitos motivos para comemorar 2012. Foi de fato um ano marcante?

CaCaio Guimarães

Munhoz e Mariano posam para a CARAS Online

 Mariano: Este ano foi incrível, abençoado, repleto de alegrias e conquistas. A gente já começou com muitas benções, pois a música ‘Vou pegar você e Tãe’ foi uma aposta que deu certo, principalmente no carnaval. Surpreendeu a gente, pois pensávamos que tocaria somente nos carros, que a censura iria pegar nas rádios, televisão, por conta do duplo sentido, mas tornou-se hit do Brasil todo. O público pediu e os veículos de comunicação atenderam tranquilamente. Além disso, a gente gravou o nosso segundo DVD, com o estouro do “Camaro Amarelo”, um sucesso que se tornou conhecido inclusive no exterior. Portanto, estamos realizados e a palavra de tudo isso é uma só: benção.

– “Camaro Amarelo” fala de uma mulher que passou a se interessar por um homem depois do sucesso financeiro dele. Embora essa música não seja baseada na história de vocês, tem alguma relação?

Mariano: Tem relação, sim. Lá em Campo Grande, diziam: “Esses meninos não tem futuro, não vão dar em nada”. Então, esta música não serve só na questão de dar o troco na mulher maria-gasolina, mas de dar a volta por cima, na mensagem de superação de quem sofreu chacota. Isso já aconteceu com nós profissionalmente e também pessoalmente. Existem meninas que, no começo, esnobaram a gente e hoje nos tratam bem, querem alguma coisa conosco. Mas não devolvemos na mesma moeda. A gente trata normal e agradece por nos fazerem aprender mais.

 CaCaio Guimarães

Munhoz e Mariano posam para a CARAS Online

 – Quando vocês perceberam que são sucesso no Brasil? Em qual momento vocês se perceberam famosos?

Mariano: Não percebemos, quer dizer, a gente não percebeu de uma hora para outra. A gente tocava por brincadeira, para tomar a cervejinha do fim de semana. Buscamos um pouco de reconhecimento nos bares de Campo Grande e a coisa começou a ficar grande. Foi crescendo, crescendo e só notamos que estávamos fazendo sucesso quando lotamos uma casa noturna de Campo Grande. Foi o primeiro evento apenas com o nosso nome, pois antes as festas sempre tinham algum atrativo – cerveja de graça, cerveja barata – e conseguimos preencher o espaço com duas mil pessoas que queriam apenas nos ver cantar. A partir daí começamos a levar a sério. Gravamos o nosso primeiro CD, começamos a fazer alguns shows no interior do Estado, então foi um processo lento. Até hoje a gente se questiona muito sobre o que é sucesso, realização…

CaCaio Guimarães

Munhoz e Mariano posam para a CARAS Online

 

– A fama chegou a subir a cabeça em algum momento?

Mariano: Graças a Deus a gente não veio somente com o “Camaro Amarelo” estourando, pois certamente a gente perderia o chão, a cabeça. A gente vem galgando degrau a degrau desde 2007. Em 2009, nos profissionalizamos, fomos subindo, vencemos a Garagem do Faustão, conquistando o nosso espaço aos poucos. Foi por aí que conseguimos uma bagagem muito grande. Somos uma dupla precoce, mas com muita bagagem.

CaCaio Guimarães

Munhoz e Mariano posam para a CARAS Online

 – É verdade que muito antes do Camaro vocês já foram para a balada de carroça?

Munhoz: (Risos). É verdade, isso foi aos 16 anos. A gente não tinha dinheiro e a gurizada mais velha não queria carregar a gente. O Mariano chegou um dia: “Vamos sair hoje”. “Mas como?”, perguntei, ficando sem resposta. Ele foi até um carroceiro e alugou uma carroça por R$10 e uma garrafa de pinga. Às 9h, quando ele virou a carroça na esquina de casa, pensei: “é mentira, não pode ser” (risos). Montamos na carroça, com mais três amigos, passamos em uma conveniência, compramos uma garrafa de jurubeba e chegamos na balada. O dono da casa não acreditava na gente e falou: ‘Esses guris são da farra’. Começamos a nos divertir ali e criamos um grupo, Los Fiacentos, tinha uma carroça, um burrão e um cara deitado na carroça. Isso marcou.

– Além da música contagiante, o diferencial de vocês também está na performance. Vocês rebolam, colocam fralda, possuem visual diferente… Existe essa preocupação para chegar até o público dessa maneira?

Mariano: O lance do visual foi natural, pois eu uso cabelo comprido desde criança. Já sobre a desenvoltura, na verdade nós dois somos muito tímidos no palco. Tudo foi uma quebra de barreira, tanto da minha parte quanto da do Munhoz. Se você pegar alguns vídeos nossos do início para agora, vai ver que a gente parecia duas estátuas no palco (risos). Mas eu sempre fui um guri que fui muito para carnaval, dancei muito com criança e a minha mãe dizia que eu tinha que abusar desse lado da sensualidade, da mulherada. Um dia, a gente tentou arriscar alguns passinhos em um show de Campo Grande e, nossa, a mulherada gritou, foi aquela loucura. Aos poucos a gente foi se aperfeiçoando…

Munhoz: E criando a nossa própria personalidade, sem imitar ninguém.

Mariano: A gente nem faz aula de dança. As coreografias vão surgindo ali no palco mesmo, vai surgindo naturalmente.

– Vocês são um dos primeiros que rebolam no sertanejo. Sofreram algum tipo de preconceito do cenário artístico?

Mariano: No começo, fomos muito criticados, chegamos a ser motivos de chacota pelo pessoal do meio. E hoje todos têm que nos respeitar e a maioria deles está tendo que rebolar, tendo que ter uma desenvoltura no palco também. Então, para a gente, saber que somos os pioneiros é muito gratificante. Mas adianto que para rebolar com tranquilidade e fazer o show, criamos um personagem. Pode não parecer, mas somos muito tímidos (risos). Passamos a investir nesta questão quando vimos que as meninas ficavam loucas e que o assédio mudava. A gente acabou criando outro rótulo, que é o do sertanejo sex symbol.

CaCaio Guimarães

Munhoz e Mariano posam para a CARAS Online