Corinthians corre o risco de ficar fora das finais do Paulista. E daí?

A última vez foi em 2014 e deixou a base do título brasileiro de 2015

Se o Guarani vencer o Água Santa e o Bragantino ganhar do Ituano, o Corinthians ficará na terceira colocação do Grupo D do Campeonato Paulista, o que já era um risco no domingo, depois da derrota para o Água Santa. Agora, são dez jogos no ano e quatro seguidos sem vencer no estadual.

A última vez que o Corinthians foi eliminado na fase de grupos do Campeonato Paulista aconteceu em 2014. Mano Menezes era o técnico do pós-Tite, porque havia consenso na diretoria de que o treinador da seleção brasileira tinha se abraçado com os campeões mundiais e, por isso, sucumbido depois de ganhar a Recopa e o estadual em 2013.

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No último jogo daquela campanha melancólica, em que terminou a chave atrás do Botafogo de Ribeirão e do Ituano — mais tarde campeão — o Corinthians alinhou Cássio, Fagner, Felipe, Gil e Fábio Santos; Ralf e Guilherme (Bruno Henrique); Jadson, Renato Augusto e Romarinho; Luciano.

No ano seguinte, com o retorno de Tite, o Corinthians foi campeão brasileiro com o time base formado por Cássio, Fagner, Felipe, Gil e Fábio Santos; Ralf e Elias; Jadson, Renato Augusto e Malcom; Vagner Love.

Compare e você verá que do último jogo do Paulista da melancolia para o troféu do Brasileirão só houve três mudanças — Elias, Malcolm e Vagner Love — e Luciano saiu do time depois de lesionar o joelho, quando era titular.

Mano Menezes classificou o Corinthians para a Libertadores de 2015 em quarto lugar e pagou o preço de ter feito a reformulação solicitada pela diretoria. Tite teve todos os méritos no Brasileirão, mas a base foi montada no ano anterior.

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É possível que a experiência de 2014 se repita, em parte, neste ano de 2020. Há uma reforma em curso, por mais que não seja toda a verdade que se transforma um time que jogou do mesmo jeito desde 2008. O Corinthians de 2009 era diferente do de 2012, diferente do de 2015, diferente do de 2017, campeão brasileiro com enormes méritos.

Os 40% de aproveitamento deste ano lembram os 46% dos primeiros dez jogos de 2014. Qualquer semelhança não é mera coincidência. O elenco se transforma, e o time atua hoje com seis titulares que não jogavam há dois meses: Pedro Henrique, Lucas Piton, Camacho, Cantillo, Luan e Yony González.

Ninguém tem garantia de que o futuro será igual ao passado, mas a mudança tática e a reformulação do elenco eram consensuais no final do ano passado.

Um dirigente perguntou nesta semana quanto é o tempo exato para oferecer a um treinador. A resposta é óbvia: só o dirigente que assiste aos treinos sabe. E só saberá se souber por que contratou o técnico e o que pretende com ele.

A maior parte da comunidade do futebol do Brasil não sabe. É por isso que o desempenho e o resultados são questionados no décimo jogo, mesmo por quem despreza os campeonatos estaduais.

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