Cooperativismo e outras iniciativas – Por Hiroshi Uyeda

O Cooperativismo, nos moldes atuais, surgiu em 1844, em Rochdale, uma pequena aldeia na Inglaterra, movido pela necessidade de encontrar uma saída ao desemprego ocasionado pela Revolução Industrial.Mediante pequena contribuição mensal,28 tecelões, entre eles uma mulher, se cotizaram durante um ano, ao cabo do qual utilizaram o valor arrecadado e adquiriram gêneros de primeira necessidade em grande quantidade e por menor preço. Repassaram os artigos aos associados pelo preço de custo, com o acréscimo, apenas, de pequena taxa, para formação de capital para novas compras. Todavia, sobraram mercadorias. Resolveram, então, vendê-las pelo mesmo valor a quem se associasse ao empreendimento. Em pouco tempo o negócio cresceu. Ela é conhecida como Sociedade dos Probos Pioneiros de Rochdale.

O movimento passou para outros continentes, em contínuo crescimento. Surgiram uma Associação Internacional, Confederações por continente, Organizações Centrais por países e, no Brasil, além da Nacional, Organizações Estaduais. Congrega atualmente mais de 1 bilhão de pessoas em todo o planeta, atuando em todos os segmentos econômicos. É a maior ONG do mundo.

No Brasil atua em 13 ramos: agropecuária, consumo, crédito, educacional, especiais (portadores de deficiências, dependentes químicos, presos e detentos), habitacional, infraestrutura, mineral, produção, saúde, trabalho, transporte, turismo e lazer. São mais de 6.600 cooperativas e 11 milhões de associados.Maior produtora e exportadora de soja em grãos.

Regidos por sete princípios, cooperativas e cooperados de todos os países desenvolvem atividades econômicas buscando, de forma democrática, a elevação de qualidade de vida e bem estar de sua família e da comunidade. Exemplos de cooperativas brasileiras: Aurora, Batavo, Coamo, Comigo, Copacol, Coopasul, Cooperforte,Itambé,Sicredi, Unimed.

Na Espanha, no País Basco, precisamente na Província de Mondragón, encontra-se o maior grupo cooperativo do mundo, com mais de 100 mil empregados, distribuídos em 256 empresas em várias áreas: bancos, indústrias de geladeiras e máquinas de lavar roupas, construção civil, supermercados e universidades.

Bela Vista participou desse movimento próximo da década de 60, com a constituição da Cooperativa dos Funcionários do Banco do Brasil de Bela Vista, movida pela necessidade de abastecer seus associados com artigos não supridos pelo comércio local. Funcionava nas dependências dos fundos da antiga agência, ao lado da papelaria do Sr. Deocleciano de Vasconcelos. As compras eram efetuadas diretamente dos grandes armazéns e fábricas de São Paulo. Assim, tecidos, eletrodomésticos e outros artigos eram adquiridos pela Cooperativa e distribuídos, pelo preço de custo, a seus cooperados.

Tratava-se, na época, de uma iniciativa ousada e sem precedentes. A legislação cooperativista brasileira só foi promulgada em 1971 pelo Congresso Nacional. Assim, aplicou-se em Bela Vista o mais puro conceito do cooperativismo, sem qualquer participação de organizações cooperativistas estaduais ou federais.

Desta mesma forma foi implantado pelos funcionários do mesmo banco o embrião de um programa objetivando a constituição de recursos para aquisição de veículos, sem juros. Ideia aproveitada por uma empresa concessionária de automóveis, de Aquidauana constituindo o primeiro grupo na forma de consórcio.Muitosbela-vistenses participaram desse consórcio com sucesso.

Com a oferta de uma parte do terreno nos fundos de sua residência, o Sr. Pompílio Pedra ensejou a fundação do Satélite Esporte Clube, exemplo de empreendedorismo social. O barracão, construído de alvenaria, mediante colaboração financeira mensal e com mão de obra braçal, sem remuneração, de funcionários de todas as agências bancárias.

Várias mobilizações do Rotary Clube de Bela Vista, através de suas avenidas de serviços, estiveram na primeira linha de ação para suprir as necessidades das comunidades carentes. Parcos eram os recursos e diminuta a quantidade de associados, à frente, como Presidentes, se destacaram SolimanTebichrane, Dr. Roberval Borges, Luiz Carlos Nazareth e outros. Jamais faltou apoio da sociedade bela-vistense ao entusiasmo dos rotarianos, sempre se ombreando com as iniciativas de socorro a necessitados, como nas enchentes do Rio Apa, no início dos anos 60, sem precedentes até então.

Coube aos padres redentoristas a implantação do movimento Cursilhos da Cristandade em Bela Vista e região, sob a coordenação do sempre lembrado Pe. Jorge Poux, falecido em 17 de setembro de 2012, nos Estados Unidos. Foram eles e as Irmãs Vicentinas os principais responsáveis pela formação educacional dos jovens bela-vistenses na Escola Paroquial Santo Afonso e, depois, no Ginásio Comercial Santo Afonso, criado sob forte inspiração democrática, voltada à formação profissional.

 

Na mesma época foi criada a Escola Normal de Bela Vista. Contou com a participação de muitos alunos, ávidos pela oportunidade de aumentarem seus conhecimentos. Jovens se deslocavam para a Escola, na parte alta da cidade, à noite, mesmo sob precária iluminação pública. Concorreram para essa iniciativa a Prefeitura Municipal, suas Secretarias, os padres redentoristas, o Rotary Clube, os Clubes sociais da cidade e o 10º RC.