Concluído inquérito do caso Paulo Rocaro

Foto: Lile Corrêa 

A Polícia Civil de Ponta Porá já concluiu o inquérito investigativo sobre o assassinato do jornalista e escritor Paulo Roberto Cardoso Rodrigues, o Paulo Rocaro, e o relatório está pronto para ser encaminhado à Justiça.
A informação é do delegado Odorico Mendonça, que presidiu o inquérito e comandou as investigações. O desenrolar do homicídio, ocorrido em fevereiro do ano passado, portanto há 15 meses, envolveu uma série de procedimentos, coleta de informações inclusive de outras comarcas e a utilização de sofisticado programa de informática utilizado pela central de tecnologia e inteligência da Polícia Civil do Mato Grosso do Sul.

O programa tem a capacidade de cruzar informações obtidas através de escutas telefônicas autorizadas pela Justiça. A conclusão destas investigações é que estavam impedindo a conclusão do relatório, encerrado esta semana pelo Dr. Odorico Mendonça, que se dirigiu especialmente para Campo Grande a fim de encaminhar documentos às operadoras de telefonia, evitando a burocracia que poderia prolongar a conclusão dos procedimentos.

O inquérito com aproximadamente 500 páginas tinha prazo para ser concluído até 15 de abril, mas o titular solicitou nova prorrogação. Contudo, deve entregar o relatório no início da próxima semana, cerca de 10 dias antes da última data.

Nesta sexta-feira, ou no mais tardar no início da próxima semana, o diretor do Departamento de Polícia do Interior, Dr. Marcelo Vargas Lopes, deve anunciar a entrevista coletiva com a imprensa para revelar o resultado das investigações. Ainda não há informações sobre o local da coletiva, mas, provavelmente, será em Campo Grande.

HISTÓRICO

O atentado que causou a morte do jornalista Paulo Rocaro no dia 13 de fevereiro de 2012. A data será lembrada como um atentado contra a profissão de jornalista, a liberdade de expressão, a liberdade de imprensa e o direito constitucional do cidadão de ter informação de qualidade.

Na noite de 12 de fevereiro de 2012, Paulo Rocaro estava dirigindo seu veículo pela Avenida Brasil, sentido centro-bairro, em Ponta Porã, cidade de Mato Grosso do Sul que faz fronteira entre Brasil e Paraguai, quando duas pessoas em uma moto dispararam contra ele 12 tiros de pistola 9 milímetros. Mesmo atingido com nove tiros, Rocaro conseguiu chamar socorro e foi encaminhado para o hospital, onde faleceu na madrugada seguinte.

Paulo Rocaro trabalhava há 31 anos na área jornalística, foi presidente do Clube de Imprensa da cidade e editor-chefe do Jornal da Praça e do site Mercosul News.

Até agora, o crime não foi elucidado oficialmente pela polícia. Imagens das câmeras filmadoras de lojas próximas ao local do atentado foram obtidas, quebra de sigilo telefônico foi realizada, análise dos arquivos do computador foi feita e demais fontes de informação foram verificadas pela Polícia Civil.

O Governo do Estado de Mato Grosso do Sul e a Secretaria de Segurança do Estado fizeram diversos pronunciamentos, por meio de seus representantes, sobre o empenho na investigação. Em 9 de março foi promovida audiência pública sobre a violência contra a imprensa na Assembleia Legislativa de MS. Diversas organizações nacionais e internacionais de Direitos Humanos, como a ONU (Organização das Nações Unidas), cobraram providências.

Até a ministra Maria do Rosário, da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, cobrou do Congresso Nacional a aprovação de projeto de lei que transfere para a esfera federal a investigação dos crimes de milícias e grupos de extermínio, classificando as mortes dos jornalistas ocorridas no início de 2012 como crimes de extermínio.

Isso sem contar as manifestações dos sindicatos de jornalistas de todo o Brasil contra cada uma das seis mortes registradas nos últimos 12 meses e da Federação Nacional de Jornalistas (FENAJ) defendendo o projeto de lei para que as investigações dos crimes contra os jornalistas tenham participação da Polícia Federal.

No entanto, família, colegas e sociedade continuam sem resposta. A impunidade só faz aumentar a sensação de insegurança dos colegas de profissão e da população em geral, que reclama justiça contra os mandantes e executores do assassinato de Rocaro. O exercício do Jornalismo sofre, é fragilizado por essas agressões e reivindica melhores condições de trabalho, de segurança e de valorização quanto à importância da profissão para o Estado Democrático de Direito.

 
 
 
 
  Fonte: Mercosul News