Casais usam a internet para driblar a saudade

Quando Ana Beatriz Moreno Flores, ou Bia, entrou em uma sala de bate-papo em busca de alguém com quem pudesse praticar inglês, ela não imaginou que conheceria Christian Malecore. Mais improvável ainda era a ideia de namorar um italiano. No entanto, foi exatamente o que aconteceu. Três anos depois, o casal segue junto enfrentando as dificuldades que um relacionamento à distância pode enfrentar. Em um cenário no qual a internet cresce enquanto meio para aproximar pessoas e oportunizar relacionamentos, casais encontram formas de driblar distâncias e se manter em contato. Sem o contato físico, namorados contam apenas com a comunicação para se manter próximos. No caso de Bia e Christian, mensagens de celular, ligações telefônicas e redes sociais são as formas de se manter próximos.

“Começamos a conversar e nos tornamos ótimos amigos. Os assuntos em comum foram aparecendo e ele me ajudava no inglês”, lembra a estudante de 22 anos. Segundo ela, os dois se aproximaram a medida que conversavam diariamente. “Em pouco tempo, nós já falávamos sobre tudo. Fomos criando uma cumplicidade muito forte, principalmente por termos saído de relacionamentos que não deram certo”. Apesar da grande amizade que desenvolveram e de sentimentos já presentes, havia o problema da distância. “Nos tornamos um misto de namorados e amigos”, explica. Até que, em 2011, Christian veio ao Brasil para visitá-la. Com o encontro, o casal se sentiu a vontade para assumir o namoro. “Nossos pais tinham uma certa insegurança, mas acho que é normal. Depois que eles o conheceram, tudo mudou”.

Para o encontro, Bia e Christian passaram mais de um ano se planejando. “O primeiro encontro foi bem tenso. Muito nervosismo. Mas depois tudo ficou bem e no segundo dia, ele me pediu em namoro”, conta. Segundo ela, desde então, não houve um dia que tenham passado sem conversar. A jovem ainda não teve oportunidade de conhecer Tremezzo, cidade onde Christian mora.“O que eu posso dizer? Não é fácil com a distância, mas nós estamos juntos há quase três anos. Eu acho que se você realmente ama alguém, é possível”, considera o técnico em informática de 29 anos. Atualmente, Bia aprende italiano e pretende viajar para a Itália logo que terminar o curso de Administração, na UFMS.

Tão Perto, tão longe

A internet também serviu para revelar Eliane Leite, de 28 anos, e Everton Ravaglia, de 32. Embora os dois sempre tenham morado em Aquidauana e se conheçam desde a infância, foi por meio do Facebook que eles passaram a se comunicar constantemente.
“Na infância, a gente era próximo, mas o tempo passou e fomos nos distanciando. Como a cidade não é tão grande, sempre nos víamos por ai, mas nunca conversamos”, conta.

Segundo ela, foi em consequência de brincadeiras sobre política que os dois se aproximaram outra vez. “Ele trabalhava para um vereador e a minha tia também estava concorrendo”.
Depois de começarem a conversar, um convite para jantar com amigos se revelou a oportunidade para estreitar a relação e se conhecer melhor. “Passamos a madrugada inteira em um barzinho em Aquidauana, conversando. Ao me levar para casa, ele sugeriu que namorássemos”, explica. O primeiro plano do casal era que os dois morassem na cidade natal, contudo, por motivos que o acaso explica, Eliane conseguiu uma oportunidade de emprego em Campo Grande. “Ele vai vir morar aqui. Chega de distância”, aponta. Quem sabe, o próximo passo seja o casamento.

THIAGO ANDRADE