Bolsonaro traz trecho de vídeo em que cobra Moro: ‘Vai ficar quieto até quando?’

O presidente Jair Bolsonaro publicou neste sábado, 23, trecho da reunião ministerial de 22 abril em que cobra o então ministro Sergio Moro em relação à detenções de pessoas feitas em função de quebra do isolamento social. Esse é o segundo trecho da reunião publicado pelo chefe do Executivo neste sábado. A gravação é objeto de inquérito que apura se Bolsonaro tentou interferir politicamente na Polícia Federal.

“Senhor ministro da Justiça, por favor. Foi decidido há pouco tempo que não podia botar algema em quase ninguém. Por que tão botando algema, em cidadão que tá trabalhando, ou mulher que tá em praça pública, e a Justiça não fala nada?”, indagou o presidente.

No trecho compartilhado, Bolsonaro insiste que “não pode botar algema” nas pessoas por “decisão do próprio Supremo (Tribunal Federal)”.

Crítico das medidas de distanciamento social adotadas para conter a pandemia da covid-19, Bolsonaro justifica em texto que acompanha o vídeo que as detenções “estão humilhando” o povo.

“Tem que falar, pô! Vai ficar quieto até quando? Ou eu tenho que continuar me expondo? Tem que falar, botar pra fora, esculachar! Não pode botar algema! Decisão do próprio Supremo. E vamos ficar quieto até quando? Fica humilhando nosso povo, por quê?”, diz Bolsonaro no vídeo.

Pela transcrição, Moro não respondeu o presidente sobre o assunto. O então ministro só se pronunciou para sugerir que o plano de recuperação social e econômica Pró-Brasil também abordasse questões de segurança pública e de controle de corrupção.

O trecho publicado por Bolsonaro não inclui as partes em que pressiona o ex-ministro sobre não ter informações da Polícia Federal e não ter conseguido trocar “gente da segurança nossa no Rio de Janeiro”.

Na reunião, o presidente chegou a dizer: “Vai trocar! Se não puder trocar, troca o chefe dele! Não pode trocar o chefe dele? Troca o ministro! E ponto final! Não estamos aqui pra brincadeira.”

O sigilo da gravação foi levantado na sexta-feira, 22 de maio, por decisão do ministro Celso de Mello, relator do inquérito sobre as acusações de Moro envolvendo Bolsonaro.

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