Bela Vista: Amigos, infância e a saudade!

Vez ou outra quando melancolicamente cérebro e coração resolvem me levar a 20, 25 anos atrás, fico eu pensando distraidamente, enquanto seco algumas gotas de lágrimas, onde ficaram minha infância, meus brinquedos, e por onde andarão meus amigos? O que será que virou daquele carrinho que ganhei de aniversário? E aquela bola que meu pai me deu de Natal, onde ficou? Em que se transformaram meus heróis, meus ‘inimigos’ imaginários? E meus carrinhos, meus bichinhos, minhas figurinhas, meu estimado par de Kichute, e aquela conguinha que eu usava orgulhosamente, será que se lembrariam de mim?

Onde ficaram minhas festas de aniversário, os banhos na prainha, as ‘caçadas’ no Aeroporto, local onde também colhíamos Guavira?! E minhas brigas, meus choros, meus erros, meus acertos, minhas primeiras lições, onde estão tudo isso?
E meus companheiros de aventura, amigos de todas as horas, adversários e companheiros de bola queimada, bandeirinha, vôlei, futebol, onde andam? Será que ainda vivem? O que faríamos se nos reencontrássemos? Será que ao menos nos reconheceríamos?

Saudade…saudade…saudade…

E nossas rodas de Trompo? Nossas Pandorgas? E as aventuras e artes que eram planejadas ao mesmo tempo em que as executávamos? E nossas brigas, desentendimentos, nossos socos, algumas pedradas e a repreensão nem sempre delicadas de nossos pais? E nossas tardes de futebol, domingos de Fórmula 1, nossas visitas virtuais ao Maracanã, ora platéia e ora nos transformávamos em atração, virávamos os heróis?!

Onde ficaram nossas conversas, nossos planos, nossos sonhos, nossas namoradas? E nossa vontade de completar 18 anos o mais rápido possível para podermos assistir filmes pornôs…? E nossas preocupações com as notas e o boletim escolar? E quando transgredíamos a Lei jogando sinuca escondidos no bar?! Quanta saudade!!! Saudade das nossas casas de madeira, das nossas ruas de chão, da nossa simplicidade, da nossa irresponsabilidade; saudade dos dias em que corríamos feito loucos atrás da patrola que lentamente consertava nossas ruas! Saudade de um tempo que o próprio tempo tratou de guardar, preservar, esconder e, em pequenas doses, resolve nos injetar periodicamente em forma de saudade e melancolia. 

Sentimentos que até o filósofo Aristóteles – há séculos – já os questionava: “O que é isso que pela memória se faz presente sem estar presente? E se ‘apresenta’ sem existir no presente?
Saudades…quanta saudade!!!