Balsa no APA vai garantir abastecimento de paraguaios

Internacional: Na próxima quarta-feira, 15, o prefeito de Porto Murtinho, Heitor Miranda dos Santos(PT), e o intendente do distrito paraguaio de San Lazaro, Celso Ovelar Daspett, celebrarão um protocolo de emergência para garantir o funcionamento de uma balsa que fará a travessia do Rio Apa entre a Colônia Ingazeira e a localidade de Vallemi. A embarcação constitui a única opção de abastecimento para cerca de 20 mil pessoas que moram em regiões de San Lazaro duramente castigadas por fortes chuvas e inundações desde os primeiros dias do mês.

As chuvas, que atingiram 700 milímetros de precipitação, provocaram o desabamento de uma ponte sobre o Arroyo La Paz e afetaram a rodovia que está sendo pavimentada entre Vallemi e a cidade de Concepción, isolando boa parte da região. No sábado passado (11/01), Heitor recebeu em seu gabinete uma comitiva de autoridades e lideranças sociais de Vallemi, Horqueta e Concepción, que foram pedir o apoio brasileiro para operar a balsa.

“Não temos outra alternativa. Porto Murtinho é a cidade mais próxima e mais estruturada para fornecer o que nossas comunidades precisam. Estamos sem abastecimento há 15 dias. Ficamos sem víveres, principalmente leite, carne, iogurte, verduras e frutas, além de outros artigos de primeira necessidade”, disse Ovelar. Num sinal evidente da gravidade da situação, o apelo paraguaio foi reproduzido também por representantes de Vallemi (o presidente da Junta Municipal Julhian Ortiz e seus conselheiros Jose Pavette, Guillermo Ortega e Noel Franco, além da conselheira departamental Joaquina Azuaga); de Concepción (os conselheiros departamentais Felix Ibañez e Adalberto Canales), e de Horqueta (o conselheiro departamental Juanci Riveros).

Heitor disse que vai buscar soluções mais duradouras junto aos governos estadual e federal, sobretudo para dar suporte às transações comerciais, já que os paraguaios deverão adquirir mantimentos no Brasil. Mas, de antemão, o prefeito disse que não se poder aguardar por trâmites burocráticos diante de um caso de extrema necessidade humanitária. “Acredito que com esta ação emergencial possamos estar dando um passo muito maior para aprofundar a cooperação na fronteira. Vamos tomar todas as providências para fazer o acesso para a balsa na Colônia Ingazeira. E ao mesmo tempo revitalizar a mobilização para a construção da ponte sobre o Rio Apa, ali mesmo naquela região”, salientou.

PROVIDÊNCIAS – Do lado paraguaio as providências emergenciais já foram tomadas, sobretudo a construção da balsa e a autorização da Marinha para operá-la. A embarcação está quase pronta, com 13 metros de comprimento e capacidade para suportar 45 toneladas, apta para fazer o transporte de pessoas, veículos e cargas em geral. Heitor Miranda sugere que o governo brasileiro tenha iguais precisão e rapidez para consolidar a habilitação legal da operação dentro das normas que regulam o transporte aquaviário e o comércio. “Porém, o clamor humanitário é o que determina agora a celeridade da providência a ser tomada”, reforçou.

Quem analisar o mosaico de distâncias nesta parte da fronteira entenderá o drama dos paraguaios e porque pedem socorro aos brasileiros. O distrito de San Lazaro está a 180 km do departamento paraguaio mais próximo, o de Concepción. E Vallemi, o centro urbano de San Lazaro, dista de Porto Murtinho apenas 60 km por terra ou cerca de 45 minutos de barco, pelo Rio Paraguai. Por terra, são 10 km até o ponto de travessia do Rio Apa, na Colônia Ingazeira, e daí mais 50 km por estrada estadual até à cidade murtinhense.

As chuvas fortes que interromperam as ligações entre Vallemi e Concepción são normais na região – e cada vez que isso acontece os acessos a Porto Murtinho constituem a principal e praticamente única saída para que os moradores do norte de Concepción não fiquem isolados. A situação é alarmante, segundo a conselheira departamental Joaquina Azuaga. “Não dá mais para esperar. São vidas humanas padecendo, entregues à própria sorte e isso precisa mudar, precisa de respostas rápidas”, desabafou. Faz seis meses que o intendente Celso Ovelar Daspett alertou o presidente da República, Horácio Cartes, o vice-presidente, Juan Alfara, e o Vice-Ministério de Obras.