Bailões ‘desaparecem’ e músicos ficam órfãos em Campo Grande

(foto: Divulgação)

Mato Grosso do Sul é o celeiro de músicos que vivem do vanerão e chamamé, mas, nos últimos anos, as casas de shows têm desaparecido e minguado os pontos de encontro dos artistas regionais. O decreto que proíbe aglomerações, no início da pandemia no Brasil, contribuiu para jogar uma pá de cal em alguns estabelecimentos que não conseguiram sobreviver com a falta de público.

Em julho de 2018, após 25 anos de história, a Via Park Club, uma das casas mais tradicionais de bailes fechou as portas em Campo Grande. Na época, o público, claro, reclamou e sentiu falta do espaço que promovia shows e agradava os amantes de xote, chamamé, vanerão e bolero.

O Clube da Amizade encerrou as atividades em abril do ano passado e, apesar dos músicos afirmarem que foi por conta da pandemia, a proprietária emitiu um comunicado afirmando que ” a decisão já vinha sendo considerada após 36 anos dedicados ao entretenimento e à alegria de seus frequentadores.”

Marlon Maciel é músico, acordeonista e compositor. O artista, que iniciou a carreira em 1988, já trilho muitos caminhos pela vida noturna campo-grandense. Hoje, ele busca outras alternativas para mostrar seu trabalho.

“Aos sábados tenho tocado em restaurantes. Tirando isso, algumas festas particulares, com poucas pessoas. Nada comercial como bailão, até porque não pode. Fiz algumas lives também em Capo Grande, Bonito, Dourados e Rio Brilhante.”

O artista ainda explica que a graça do bailão é tocar uma música animada para as pessoas dançarem. Com o atual momento de pandemia, a essência destas festas não é permitida.

“Com a pandemia, lugares como o Clube Bom Dmais, depois de anos funcionando, tiveram que fechar as portas. Esses estabelecimentos eram mantidos com eventos e sem eles foram obrigados a encerrar atividades.”

O músico ainda classifica a atual situação como “lastimável”.

Quem também foi atingido pelo encerramento dos bailões foi o músico Amancio Cabrera. O artista se apresentava no Clube União dos Sargentos, mas foi uma das vítimas da proibição dos eventos.

“Tenho até CD gravado, cantava no União e em vários lugares, mas não estou mais trabalhando”, lamenta.

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