Análise: versátil como Gerson, Flamengo se adapta aos meios para chegar sempre ao fim campeão

Expulsão precoce de Arão apresenta cenário incomum, mas time de Jorge Jesus mantém organização, inteligência e sequer precisa sofrer para levar o inédito título da Recopa

Um time que sabe apresentar vários meios para chegar ao mesmo fim. E o fim que virou marca deste Flamengo é erguendo troféu.

O da Recopa foi conquistado na noite de quarta-feira, no Maracanã, com um roteiro bem diferente do habitual, mas não menos eficiente. O Flamengo dominante permitiu-se ser dominado. Ou ao menos deixou o bem treinado Independiente Del Valle com essa impressão nos 73% do tempo em que teve a posse de bola. No fim, os 3 a 0 no placar deixaram claro quem ditou o ritmo do jogo.

Com um jogador a menos por praticamente uma hora, o time de Jorge Jesus usou a inteligência e a organização tática para impedir que os equatorianos colocassem em risco o título encaminhado – quando Arão foi expulso o placar já apontava 1 a 0. A rigor, o Del Valle assustou somente uma vez. E parou em um milagre de Diego Alves.

Em entrevista coletiva, Jorge Jesus e Gerson revelaram que o time simula situações em que joga com dez contra onze. A arrumação, principalmente defensiva, deixou isso evidente no Maracanã.

Logo que Arão foi expulso, o Mister recompôs o setor com Thiago Maia no lugar de Pedro e arrumou a casa rubro-negra. Como também disse aos jornalistas, a desvantagem numérica poderia até fazer diferença no momento de concluir as jogadas, mas não para defender e armar. Foi o que aconteceu, e justamente nesta ordem.

Com a linha defensiva bem postada e avançada como de costume, o Flamengo tinha Éverton Ribeiro e Arrascaeta fechando os corredores no auxílio aos laterais, enquanto Gerson e Maia saíam na caça aos armadores equatorianos. Duas linhas de quatro e Gabriel solto para contragolpear.

O Del Valle tinha a bola, mas não tinha espaço para a rápida transição que lhe é característica. A partir da intermediária ofensiva, a escassez de opções fazia o time girar a bola e praticamente não criar. Pelo contrário, foi Gabigol, em escapada solitária, quem quase marcou o segundo. Era um desenho do que aconteceria no segundo tempo.

Se o Flamengo se defendia bem, Jorge Jesus queria mais. Queria mais presença no campo de ataque. A medida que o tempo passava, o Del Valle se expunha e o Mister indicava os espaços para os avanços de Gabriel.

Conquistar canecos se tornou rotina para o Flamengo de Gabigol, Everton Ribeiro e companhia — Foto: André Durão / GloboEsporte.com
Conquistar canecos se tornou rotina para o Flamengo de Gabigol, Everton Ribeiro e companhia — Foto: André Durão / GloboEsporte.com

Conquistar canecos se tornou rotina para o Flamengo de Gabigol, Everton Ribeiro e companhia — Foto: André Durão / GloboEsporte.com

Num deles, o 2 a 0 praticamente decretou o título para um time que já se defendia bem e começou a incomodar também no ataque. Com 510 passes trocados, o Del Valle não tinha a precisão dos 191 dos rubro-negros.

A expulsão de Cabeza nos minutos finais deixou em igualdade numérica uma decisão marcada pela desigualdade técnica. Flamengo e Del Valle são times muito bem treinados, mas os cariocas têm matéria-prima melhor.

Os dois gols de Gerson nos 3 a 0 premiaram um coringa que foi reflexo do que o time como um todo demonstrou no Maracanã. Equilíbrio para atacar e defender com a eficiência de quem tem vários meios para chegar ao fim como campeão.

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