Análise: Palmeiras tem maturidade de campeão contra o Figueirense no Sul

Maturidade: essa é a melhor palavra para definir a postura do Palmeiras na vitória por 2 a 1sobre o Figueirense, neste domingo, no Orlando Scarpelli, pela 31ª rodada do Brasileirão (veja os melhores momentos no vídeo acima). Muito mal no primeiro tempo, inteligente no segundo, o Verdão soube decidir o jogo em 45 minutos e mudar da água para o vinho dentro da partida.

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Da confusão tática na etapa inicial, o time do técnico Cuca passou ao controle dos espaços e aumentou para quatro pontos a vantagem sobre o Flamengo. A falta de um camisa 10 no meio-campo, que atrapalhou no começo, se transformou em uma atuação de protagonista de Jean – autor dos dois gols e responsável pela ligação com o ataque.

O Verdão sofreu muito com a falta de uma referência na criação no primeiro tempo. Sem Zé Roberto, cortado de última hora por conta de desgaste físico, Cuca escalou Jean no meio-campo – uma ideia que já vinha amadurecendo há algum tempo, por considerar que Fabiano evoluiu muito e melhorou o nível de confiança a ponto de assumir a vaga de titular na lateral direita.

A bola demorava a chegar na área do Figueirense. Com Moisés e Tchê Tchê, alicerces do time, abaixo do que costumam jogar, a equipe alviverde era facilmente interrompida pelo adversário. Prova disso foi que, no início do segundo tempo, os donos da casa contabilizavam 30 desarmes, contra apenas quatro do Palmeiras.

As únicas chances reais de gol do time de Cuca nos primeiros 45 minutos foram uma cabeçada de Vitor Hugo e uma finalização fraca de Gabriel Jesus, em cruzamento rasteiro de Fabiano. O atacante, aliás, recebeu o terceiro cartão amarelo e está fora do jogo contra o Sport, na próxima rodada.

Para o segundo tempo, a atitude do Palmeiras foi outra. A equipe de Cuca tomou a iniciativa e dobrou o número de finalizações em poucos minutos: de cinco para 10. Ciente das limitações do Figueirense, que também esbarrava nos próprios erros, o Verdão partiu para cima e passou a se preocupar menos com o aspecto defensivo.

Após boas tentativas de Dudu e Moisés, Gabriel Jesus sofreu pênalti de Bruno Alves, em dividida pelo alto, e Jean não desperdiçou a cobrança (veja abaixo o gol). Com a vantagem no placar, o Palmeiras passou a valorizar mais a posse de bola (terminou com 56%). O Figueirense apostava em contra-ataques – principalmente em Rafael Moura, referência no setor ofensivo.

Na tentativa de matar o jogo, Cuca sacou Róger Guedes para a entrada de Allione – mantendo a função dele aberto pela direita, mas apostando na maior capacidade do argentino para construir os contra-ataques. Ganhou no aspecto físico, manteve o volume que vinha sendo desenvolvido desde o primeiro minuto da etapa complementar.

Gabriel Jesus, que chegou a cinco jogos sem marcar pelo Palmeiras, se mostrou importante de outra maneira: construiu a jogada do segundo gol, ao invadir a área e gerar rebote para Jean marcar o segundo e praticamente matar o jogo (veja abaixo).

O Figueirense diminuiu com Rafael Silva (veja abaixo), aumentou a carga de tensão, mas o Verdão se segurou bem nos minutos finais. Thiago Santos entrou na vaga de Dudu, para aumentar a proteção ao meio-campo. Fabricio substituiu Tchê Tchê nos minutos finais somente para ganhar tempo.

Daqui a três dias, o Palmeiras volta a campo, mas pela Copa do Brasil. Atual campeão, o clube se vê em uma ansiedade tão grande pelo fim do jejum de 22 anos sem ganhar o Brasileiro, que o mata-mata parece mera formalidade. A cabeça da maioria dos torcedores, sem dúvida, está no Sport e na corrida pela taça por pontos corridos, que se aproxima cada vez mais da Rua Palestra Italia.